Saturday 12 April 2008

Para sempre?


Há (ainda) muitas coisas que não percebo em Stanley Kubrick. Acredito que lá irei, com o tempo. Não penso que vivo num mundo perfeito, mundo esse tantas vezes retratado de forma tão realista nos filmes de Kubrick. Contudo, embora imperfeito, opto sempre por ver (mais) as coisas bonitas que me rodeiam. Não quero com isto dizer que Kubrick seja fatalista, muito pelo contrário, até porque este realizador oferece verdadeiros “the end” aos seus espectadores, uma vez que os minutos finais dos seus filmes costumam ser os mais reveladores e preenchidos de esperança.
Falando do título que me encaminhou até este post, “Eyes wide shut” (último filme de Kubrick), pode ser politicamente incorrecto dizê-lo mas foi preciso esperar estes anos todos (não interessa quantos) para finalmente ter tido “coragem” para o ver. A ideia, errada, que tinha, envolvia muito sexo, orgias e drogas. Não que isso perturbe o meu bem-estar emocional, mas em si e de forma crua era algo que não me apetecia explorar. Hoje, como já vi muitas coisas tenho outros olhos (semi-abertos) mais preparados para o que o exterior tem para oferecer. Como dizia, ao contrário do que muitos possam pensar, este não é um filme sobre “sexo, orgias e drogas”, é sim (e apenas) um filme sobre relações (conjugais). Desde logo a palavra-passe que dá entrada na mansão, Fidélio. Fidélio, nome masculino, faz lembrar uma ópera de Beethoven, de resto a única que compôs. Na ópera, Fidélio não é Fidélio, é Eleanora mascarada de homem, tal como Bill (Tom Cruise) não é Bill quando se mascara para aceder à “festa” na mansão. Ambos pretendem “salvar” as respectivas relações conjugais, no caso de Bill diria que de forma inconsciete. Olhando para Bill e Alice (Nicole Kidman), a beleza do filme está no hino à esperança deixado por Kubrick que tem tanto de realista como de optimista. Perante uma crise conjugal onde o fim parece eminente, aquele casal “abre os olhos”, cresce, supera e por fim aproxima-se. Kubrick mostra o que muitos não querem ver, as relações, tenham elas a natureza que tiverem, não são sempre “bonitas”, são também feitas de sofrimento e devaneios, só os que os ultrapassam é que as vivem verdadeiramente. Para sempre? Respondo eu, não interessa.
Dando a palavra ao casal do filme:
Alice “… the reality of one night… can ever be the whole truth…”
Resposta de Bill “No dream is just a dream”

1 comment:

Anonymous said...

aguçaste-me a curiosidade para ver esse filme.
Ana